9 de jan. de 2009

Expectativas da comunicação em 2009

O Gustavo Mini escreveu, e eu replico aqui, um texto bem bacana sobre as perspectivas da comunicação em 2009. Segue aí.

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O ano de 2009 promete ser dos que vão fazer mais com menos e souberem lidar com a simplicidade. Não faltam entrevistas de empresários de grandes grupos mundiais falando que a crise é boa porque funcionará como uma espécie de coador não apenas de empresas mas também de práticas: o que for consistente vai sobreviver, o que for fogo de palha vai descer pelo ralo. Até mesmo a The Economist está apostando em um pequeno laboratório de física do Reino Unido como promessa para a ciência em 2009, um posto que em 2008 foi do Large Hadron Collider (aquele super hiper mega acelerador de partículas de um consórcio de cientistas internacionais que deu pau com nove dias de uso). Isso é verdade também para o mercado da comunicação, mas como essa frase se traduzirá para a prática, honestamente, acho que é um mistério.

Minha opinião pessoal é que não haverá movimentos radicais nem para a inovação e nem para o conservadorismo. Os investimentos em mídias digitais deve crescer menos com a euforia dos anos anteriores mais contida, mas vão se manter em ascensão por um simples motivo: entregam relatórios acurados contendo palavras como impressão, impactos, pageviews e downloads, o que facilita o cálculo do retorno sobre investimento e saber se funcionam ou não funcionam. As mídias digitais, nesse sentido, são transparentes e qualquer um que lide com dinheiro sabe que transparência vai ser fundamental em 2009.

Por outro lado, é natural do ser humano recorrer ao que é seguro em tempos de dúvida. Ou seja, as mídias tradicionais também vão ter o seu quinhão de investimento não só porque anunciantes e agências são acostumados a trabalhar com elas, mas porque o público responde, dá resultado, ainda mais em um país mainstream como o Brasil. Sim, talvez com a mesma verba na internet possa se fazer um barulho maior (ou diferente ou mais intenso ou mais mensurável ou mais engajante). Mas provavelmente a resposta para esse tipo de provocação virá ao longo de 2010, 2011, 2012...

Não vejo 2009 como um ano de ruptura, mas de consolidação de práticas, ferramentas e plataformas. Os games vão continuar ganhando terreno na área da publicidade, do jornalismo (newsgaming foi muito falado em 2008)e entretenimento (segundo um amigo meu especialista no assunto, vão migrar dos consoles de volta para os computadores); com menos crédito, a pirataria vai ser de novo a grande via de acesso à inclusão digital; o celular vai continuar seu silencioso e poderoso crescimento (mas ainda vai demorar pra grande massa acessar a internet dele, ficando com sua câmera, seus SMS, seus wallpaper, seu rádio e seu mp3 player); as redes sociais vão continuar sendo o ambiente mais importante para grande parte das pessoas que acessa a internet. É o ano pra ver se o Twitter ou o Lifestream vão pegar no Brasil (ainda é coisa de poucos como a revolução do iPhone, que ainda vai ficar restrita aos abonados). A TV Digital vai continuar meio que na mesma porque não vai se popularizar e nem oferecer interatividade tão cedo.

Em termos de agências, acho que 2009 vai ser um desafio para as hotshops digitais no Brasil. Elas estão crescendo e vão precisar administrar seu crescimento e saber se mover no cenário junto com as “agências offline”, que estão deixando de ser apenas offline em termos de estrutura mas que ainda não dominam o mundo digital. Na minha opinião, nada vai se definir em 2009 nesse sentido, mas vamos ver.

Ou seja, em termos de atitude pouca coisa muda. A principal diferença é conter a euforia (e a depressão) e continuar a ficar de olho nas mídias digitais, focar o trabalho no que vale a pena investir tempo, no fazer mais com menos, nas soluções simples, factíveis e mensuráveis. O tosco que funciona prevalecerá sobre o glamouroso que só faz brilho. Não é um prognóstico, é uma crença pessoal.

Mini

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